quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Você

Monet



Ahh...! Poesia está em tudo, na música, nas pinturas, nos reflexos...
A poesia está em você...

Ah, você está vendo só
Do jeito que eu fiquei e que tudo ficou
Uma tristeza tão grande
Nas coisas mais simples que você tocou
A nossa casa, querido
Já estava acostumada aguardando você
As flores na janela
Sorriam, cantavam por causa de você


Olhe, meu bem
Nunca mais nos deixe, por favor
Somos a vida, o sonho
Nós somos o amor


Entre, meu bem, por favor
Não deixe o mundo mau
Lhe levar outra vez
Me abrace simplesmente
Não fale, não lembre
Não chore, meu bem


Por Causa de Você
Dolores Duran
Composição: dolores duran/ tom jobim

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Paragens

Salvador, Bahia. Godofredo Filho




Esse ano foi uma viagem diga-se de passagem...
Em início fases conturbadas me sentia em próprio hospício,
foi passando parecia lento, ia martelando como um solfejo,
desses em que a música instala na cabeça e não sai, o próprio suplício.


Mas não posso dizer que foi de todo ruim, tive altos e baixos,
Como a Montanha Russa de Cassiano Ricardo.
Com suas rosas e afins, só não tinha o cavalheiro ao lado.


Momentos marcantes, situaçoes extremas,
janelas abertas, portas fechadas...
Tudo como manda o figurino a bem dizer
só faltam os acentos e tremas ou temas ?


Num meio ao acaso conheci pessoas marcantes,
conversas agradáveis, risos soltos, tudo tudo em desejos delirantes,
sim porque não há desejo sem ser delirante ele pede, ele grita.
Sendo assim posso dizer também que sou extravagante.


No acaso veio a estagnação, e um vazio desses que se instala,
em prosas e versos já nao conseguia desatar e nem desabafava.
O vazio se tornou imenso, seu centro ficou denso, era como numa tala
presa por uma solução de continuidade, na medicina explica-se fratura
mas em meu ser explica-se de uma forma mais divertida...
" solução de continuidade " solução para afasia, referente a verdade,
referente ao sonhos, que abala, mais a palavra contida.


Arrumei as tralhas planejei tudo, fui ao fim do mundo,
na ânsia de mudar algo que dentro gritava.
Nunca fui de raízes, elas nunca me prenderam.
tentei, construí, não deu, retornei.Também pudera,
O mundo é gigante, era só um sonho, uma quimera...


Em poemas flaguei-me tentando construir o ano, a época, a fase.
Num sentimento único da aventura, da própria desconstrução,
Uma construção que um dia tinha almejado, datado digno de um ano-base.


O ano não terminou, a fase acho que sim, há um sentir de passividade,
não acho que estou no olho do furacão,
pela calmaria ou aprendizado que vem com a idade.
O ano não terminou, restam quarenta e três dias.
Quanta coisa ainda para uma acerbidade...


Se digo acerbo, digo sim para novas conquistas, digo sim para " nosso " amor,
digo sim, que me venham, mas venham mais audazes !
Desse meu corpo tão cansado, das minhas idéias tão sutis,
numa dessas paragens. Bem diante de minhas vistas.
Talvez seja sonho, algo que venha como a esperança.
De um ano novo mais " rico" e cheio de esplendor.




domingo, 7 de novembro de 2010

Fantasmas, castelos e areia.

Reflexos, Véra Oliveira



No instante empoeirado reviro as ninharias do tempo.
Fantasmas que não trazem medo, castelos e areia cabelo de vento.

A morte não é um bicho de sete cabeças, a morte é o intervalo de tempo
entre o cá e o lá, ela não é nem escura e nem vasta.
É simples, quieta, moderada.

A morte é uma grande amiga, é como a lua que espia cheia de certezas...
Exata dá tempo, compasso, momento e sonata.

Se me fiz pó e o tempo se enganou, transformação da matéria, etéreo.
Se sou corpo e o momento o ocupou, nele veste a essência a complacência,
interinidade que a vida me ensinou...


poesia em conjunto: Monet /Poeta e amigo HM.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Quem foi que disse que o amor era bom ?

Verão, Van Gogh



Quem foi que disse que o amor era bom ?

Róis as unhas
Taquicardia
Suamos a frio
Tremedeira
Totalidade nas entranhas.

Mas quem foi que disse que o amor era bom ?

Noites de insônia
Agonia
Sofrimento
Fuinhas
Até que custa o cerebelo.

Mas quem foi que disse que o amor era bom ?

Perde-se a indentidade
Fica bobo
Fúria
Entremeios
Perde-se até a acuidade.

E me disseram que o amor era bom !

Sintonia
Carinho
Sincronia
Zelo

E me disseram que o amor era bom !

Caritativo
Companheiro
Afável
Abdicativo

[...]

Será que amo ?

domingo, 24 de outubro de 2010

Alberto da Veiga Guignard


Amor, por que deixaste a pressa te matar ?
Amor, por que atropelaste o caminho ?
ah! Amor... Amor... Amor...
Sana essa dor que me faz acabar,
livra minh'alma desse espinho...

sábado, 23 de outubro de 2010

Sons e silêncios

Nude, Marcel Duchamp



A falta que faz um sentido, a pausa nas coisas
um ode estremecido, ilusões soltas.
Um corpo abatido, extremo, ás esconsas.


O escunjuro contido, todo poema admitido,
No intento de um domínio, trás um refrigério assistido.
Redime a alma abrandando o espírito bipartido.


Toda escrita dissoluta, todo acúmulo agregado.
Como fome respirável em um poço transbordado
Sons e silêncios num látego abalado...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Ascensão

Pipas, Cândido Portinari




Quando piso na grama sinto...
Sinto tão breve o verde, macio, alvo...
Feito um vôo, sinto Minh'alma sentir-me,
viajo entre sensações, me perco em tempo e espaço.
Reencontro o perdido elo entre o Eu e Mim...


Como num espasmo de brisa leve,
a tocar meu rosto a roçar meu corpo...
A circundar-me feito uma veste de nuvens.


Nuvens tão brandas que perpassam suaves em mim,
e sorvendo o seu perfume vou seguindo aos cumes do infinito...
Infinito envolto pelos meus elos, pelos sonhos que perpasso.
Passo a passo... Em descalço para sentir- me, evocar- me...
Mas em tempo de não perder-me.


Do que já fui, do que sou hoje, do que serei mais tarde.
E a vida ainda passada a limpo... Arde.
A vida irrompi de novo como um diz que resguardado...

trazendo um cesto de contas e contos...
À serem escritos, descritos, criados.
A vida irrompi num dia chegando...
Críticos nos buscam....em nossos fundos...
Complacentes, nos devolvem as horas, os agoras e os mundos....


Saudosos nos contam momentos, nos colhem os intentos...
E os replantam no solo da vida... ida...!

Monet/joel: www.canteirodevislumbres.blogspot.com



domingo, 10 de outubro de 2010

Poeminha erótico

Dânae, Klimt




Como um perceve... de leve...
Segue sem freios em frente na mente.

~~~~~~~~~~~~~~~~

Toque, atritos... Toque-se...
Incita, aconchegue, lambuza.

~~~~~~~~~~~~~~~~

Com chama invoca-me na cama...
Transpira, insira..sons, ouvidos gemidos...

~~~~~~~~~~~~~~~~~

Ata-me, desata-me provoque...
Conduza ao som enfoque.

~~~~~~~~~~~~~~~~

..rija corrija em cima...
No toque do toque... exprima...
Embate nós dois num choque...

~~~~~~~~~~~~~~~~

Segue em ris...te na rima
Sente in...sano utópico...
Num poeminha erótico.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Lição de anatomia, Rembrandt


Vai sem pressa resoluto, vai tingindo num minuto
,
tinge tinge um cheron ficando a derme bem marron.
Passam campos passam drenos tudo tudo ao extremo.


Traça lâmina dissecando e compressa vai secando...
“Halsted”, “Kelly”, “Rochester”, “Moynihan”“Babcock”, “Allis”, “Collin”
vão brincando e em vasos vão prenssando.


Fica tenso o tecido “Gosset”, “Finochietto”, “Farabeuf” separando bem conciso
logo em frente um macete, bloqueio intangível aponeurose sendo visível,
pensa pensa cirurgião até chegar a região, terminando tudo hígido e no orgão um inciso.


Vamos vamos hemostasia terminando a cirurgia
puxa puxa estica o fio, pega pega o porta agulhas terminar essa sutura...
Tudo limpo bem firmado, segue o anestesista aprumado.


Tiram campos alegremente, maca a vista passando paciente,
tempo exato e em ponto mais um dia a ficar pronto...
A equipe em euforia comemora em maestria.

sábado, 18 de setembro de 2010

Sem inspiração

" Avond " Piete Corneles Mondriaan



Num vão o enfado do vazio
agregam-se idéias mas foge - me a inspiração,
incomoda- me esse panázio,
como se ocorresse uma estremunhão



Bem pensado, disse um amigo
qualquer dia eu escrevo sobre essa falta de assunto
meneei e disse concordo contigo
será o pensamento dissoluto ?



Viajo em palavras e músicas
entremeio ao passado presente futuro
e lembrando de uma filosofia " vai'sesika"
me encontro em versos nasci turnos


" ...Em passado ecos diversos
águias brancas, cafés expressos, sabores...
num presente maia de ser particular sem excessos
e acabo instilando um canteiro transbordando em cores... "

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Tempo

Campo verde, Van gogh



...Num meio sem metades...Num vazio está cheio...
Um paradoxo uma incógnita espazinando anseios...

Se no claro há reflexos... Há um recondido em cada canto...
Cada canto uma borda...Cada borda um espanto...
Eu permeio eu transpasso...meu alento e o meu pranto....

Se meu pranto fosse rocha talharia um edifício...
Mil andares mil janelas...Todos eles num suplício...
Novo tempo nova vida... Tantas rocas esquecidas...
Vai o tempo vai medida...vai sem pressa...A despedida...

sábado, 28 de agosto de 2010

Jardim das delícias terrenas, Hieronymos Bosch.

...Os atalhos matam os átomos aos retalhos...
O logro mata a fiabilidade convertendo em malogro...

E o vácuo... Bem, o vácuo já é o próprio oco constatado...
Em refolho...

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Olhos edazes

Miró



"Poesia para um Maia/Rubem"


Ao fundo um lusco- fusco, ao centro
vulto sentado, inerte, distante

absorto em seu próprio tempo...

O pensamento dilacerante.


Olhos edazes, vítreo, âmbar
o semblante arraigado...
No íntimo contristado,
tantos devaneios a contemplar...



Veleidade que depura.

Instantes... Momentos
Anseio sua procura
a recordar belos sonetos...

terça-feira, 20 de julho de 2010

Afélio

Wega Nery, caminhos fantásticos


Rompi com o mundo, não volto atrás
deixo a música , pintura e poesia,

rompi com o mundo, e que ele abraxas...
Que fique com sua acinesia...


Rompi com o mundo,
tanta quimera...

Num ato soturno ele me engoliu
e previa de antevéspera
estou como um afélio, por certo era um tejutiú.



Rompi com o mundo, ele se cansou de mim...

Fecho portas e janelas, digam que eu morri !!

Digam qualquer coisa !!

Que eu me mudei e virei um maramomim ...









sábado, 17 de julho de 2010

Conto

Klimt, Water Serpents


Um ponto remoto ou partida

manhãs calmas, ruídos dispersos,

ensejos, sintonia já perdida.


Tempo de mudanças nem bem percebeu,

a se ver ali absorto entre tantas coisas já esquecidas,

num estado de fraqueza não absorveu.


A empatia se perdera em algum ponto

mas mal sabia ele perdido tão afável,

transformou-se num conto uma crônica.

terça-feira, 6 de julho de 2010


“Tudo o que faço ou medito
Fica sempre na metade.
Querendo, quero o infinito.
Fazendo, nada é verdade.

Que nojo de mim me fica
Ao olhar para o que faço!
Minha alma é lúdica e rica,
E eu sou um mar de sargaço

Um mar onde bóiam lentos
Fragmentos de um mar de além...
Vontades ou pensamentos?
Não o sei e sei-o bem.”
************************


Não sei, mas meu ser
Tornou-se-me estranho,
E eu sonho sem ver
Os sonhos que tenho.
************************


“Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu escrevo.”


"Fernando António Nogueira Pessoa."


( Pensando tudo é possível...Fazendo nada é verdade... )

Variante

Frevo, Portinari



E se ... Por uma fração de segundos o alvo se tornasse o mais rico colorido
as impressões fossem contrastivas uma insígnia... O som fosse resultante das cordas vocais em forma de clamor e silenciasse numa afonia. E se ... Eu pudesse resolver como numa arritmia com regulação hemodinâmica num manejo de medicamento numa oxigenioterapia, uma cardioversão, toda a alusão adquirida, a tempo de não causar danos à bioquímica a tempo de não causar uma eversão. E se... Numa variante houvesse uma possível construção, tantos " Se..."

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Infinito potencial

Lasar Segall, Mercadores


Alma: Corpo espírito e matéria, um infinito potencial.
Essência !
Conhecimento de si mesmo a busca:
Sentido !
Tempo de existência:
Vida!
Comunhão do espírito:
Saúde !


Ainda que alguém de valor a uma teoria importante " Maslow "


Necessidades sociais .....Amizade, afeto, família.
Necessidades segurança......Física pessoal, saúde e bem estar.
Necessidades fisiológicas.......Alimentação,respiração, abrigo, homeostase.


" Deve haver ainda em algum lugar sensibilidade ."

Tempo

Vanilla Sky, Monet


Era para ser uma poesia, tornou-se um texto, diferente no formato de qualquer contexto, mas ainda sim uma poesia. Dos dias se fez semanas e das semanas se fez meses, anos. Multiplique por sentimentos, divida por angustias, adicione esperanças, subtraia com silêncios.
A sintonia era tanta... Que aconteceu ?
Assuntos diversos, piadas retóricas, seres complexos. Do complexo ficou simples, o silêncio foi ficando cada vez mais gritante e a palavra cada vez mais diminuta.
Fale que o adeus é a própria despedida, e que o nunca se dissipa, porque a espera vira angustia, de uma presença que não está mais ali...
Mas fale imediatamente para que eu saiba, que eu possa me desprender de vez e só assim a tela se preenche novamente retirando este branco profundo como no tempo presente...

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ciclos

Grand canal in vernice, Édouard Manet


Das fases, todos os ciclos como o azul de Picasso
trazendo uma por uma, um concentrado de partículas,
denso um bombardeio, albergando em mim um estilhaço.

As manchas escuras de Manet, vermelhos ricos de Renoir
passagem da cor do sangue, acontecimento do vazio.
A margem do silêncio a sintonia do acaso a importância do sentir.

Rostos amontoados e não convencionais de Degas num só compasso,
lexemas longínquos, diferentes sensibilidades, certos comodistas,
almas que vagam e que de alguma forma vai de encontro a você como perlassos.

Dos encontros, momentos únicos, momentos marcantes,
como um caminho, um outro ponto, uma vereda...
Sintonias, individualidades, reciprocidades.

O tom de Monet que apaixonadamente dissolvia em suas cores,
tons cheios de luz, sombras e climas e tão complementares.
Um esboço que ficou no tempo marcado e uma saudade cheia de sabores...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Uma Outra Estação/ Legião Urbana



Sei que não tenho a força que tens Se me vejo feliz quase sempre exijo um talvez Ela mora perto de um vulcão E meu coração suburbano espera riquezas maiores Eu sigo o calendário maia E sou descendente dos astecas Hoje vai ter prova Mas no final da aula Acho que tem futebol Gosto quando estou feliz Gosto quando sorris para mim Estou longe, longe Estou em outra estação Não me digam como devo ser Gosto do jeito que sou Quem insiste em julgar os outros Sempre tem alguma coisa p'ra esconder Teu corpo alimenta meu espírito Teu espírito alegra minha mente Tua mente descansa meu corpo Teu corpo aceita o meu como a um irmão Longe longe, estou em outra estação Todos fazem promessas demais Temos muito o que aprender É um feitiço tão latino Essa preguiça ser feitiço Mas tudo bem Voltarás na terça-feira És fogo e gelo ao mesmo tempo E vai ser bom Do Equador, da Venezuela, do Uruguai Teremos o fim-de-semana só p'ra nós Venha comigo Não tenha medo Tem muita gente Que pensa o mesmo Estou longe, longe Estou em outra estação. Estou longe, longe.

domingo, 18 de abril de 2010

Que noite comprida !


Alta noite, tudo inerte nas mãos...
Que noite comprida !
Noite escura e fria...
Muitas letras pouco sons.
Que noite comprida...
A cadeira na varanda já esquecida,
vento gelado esparso,
numa aresta o gosto amargo...
Que noite comprida !
Ao redor amplidão de sombras mesclas
Vácuo,
vazio pregando peças...

Que noite comprida ...
Brilho se opacando,
noite se abrindo
Aura se esvaindo.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Palavras


Lâmina da língua na língua,
brinca cogita esparsa,

sussurro de mil palavras
terminadas em sintagmas.

Ato, fato? Expressão do pensamento?
Alta não dita, mas que se reedita.
Prumo, perspicácia, abalamento,
sonhos, pesadelos tudo se petrifica.

Processo construtivo entre dois complexos,
o do Ser e o de Estar.
O Ser encontra-se sem o nexo o Estar perplexo...
No próprio admoestar.

Quero abrandar o caminho,
vencer o sobressalto,
escrever em pergaminhos,
e por fim ser um arauto...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Sem título...



Tão exíguo é o tempo,
peculiar é a palavra .
Caminho é a incógnita,
relevante é o momento.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Nada

"Le Carnaval d´Arlequin" (O Carnaval de Arlequim) Joan Miró i Ferrá




A incógnita aqui é o nada, segundo Heidegger " O nada se revela pela angústia "
Angústia para Heidegger " Disposição afetiva pela qual se revela ao homem o nada absoluto sobre o qual se configura a existência. "


Mas e a falácia...?

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Chama e fumaça

Quadro de Klimt, O beijo



Flameja a chama
Que a alma clama
Desaba voraz e desumana

Fogo do corpo acende
Transcende pressente
Delírios rubores fascínios
Num fogo-fátuo de vícios

Transforma fumaça
Dispersora gasosa
Em meios há tantos devaneios
Virou prosa.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Lembranças

House of parliament, Sunlight Effect, Monet



Hoje um dia de sol morno, fui até sua velha casa, seus móveis ainda no lugar, a velha escrivaninha a estante em vidro que guardava suas relíquias a sete chaves, senti um aperto uma saudade difícil de se explicar, no ar ainda te escuto falando da horta falando do tempo brigando sozinho e com todos, que saudade vô ... Lembra quando falava das historias ? Ah vô ! Como era bom me contava tanta coisa ... sinto seu cheiro ainda pela casa sua voz ecoa em meu coração. Sabe dizem que é bom se guardar a boa lembrança e não ver o último momento, não sei se é na verdade, queria poder estar junto de ti para agradecer em que me transformou, sua essência está em mim . Me lembrei de um tempo tão precioso. . . "Saudades, Vô... da tua essência tão pura humildade Saudades, Vô... de tua santidade tão simples Saudades, Vô... do teu abraço , forte sem medo Saudades, Vô... dos teus passos, firmes Saudades, Vô... da tua teimosia tão sábia Saudades, Vô... do teu espírito jovem Vô, o senhor era invencível ao tempo! Guerreou uma batalha contra a morte" ( Ibeane Campos Moreira )

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Jogos

O Grito, Edvard Munch


Façam suas apostas... Jogos de azar, quem não gosta ?...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Limiar

Monet



Se por postas em louvor, as mãos, por purificadas, escavam intra moradas... Vem contê-las em labor uma divisa velada, que resguarda o interior... Pois se tudo perpassamos, da leveza por que amamos ao denso da imundície... O que em sonhos vislumbramos, do vigente olhar que erramos, é, ainda, superfície...
Poeta e amigo, Joel.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Retirantes, Cândido Portinari



" Cresci sob um teto sossegado,

Meu sonho era um pequenino sonho meu.

Na ciência dos cuidados fui treinado.

Agora, entre o meu ser e o ser alheio,

A linha de fronteira se rompeu."


Wally Salomão.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Procedimento invasivo

Monet



Ah vida!! Campo verde em esperança.
Depura como uma criança
Ao longo somam-se as probabilidades
Traços típicos, personalidade
Ah!! Esta quando se forma.
Soma a alma e decora.
Seus tons podem variar
Em nuanças tão diversas
Do ocre ao mais lindo amarelo festa
Mas aí então, vem sua primeira mácula
E com ela a estranheza
A nuança fica densa...
Numa diérese implacável
Rompem-se tornam se subtensa
Ah! Lâmina que corta e fere
Fere com precisão, mas fere
Desdobra a alma num apone profundo
Com isso vem a consciência fazendo sua hemostasia
Tentando reparar essa sangria
Faz- se a exerese de alguns sentimentos
Faz- se a síntese da incisura
Cicatriza por elementos.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Epílogo

Garden At Giverny, Monet



Mágica... magia... magicar
deslumbre momento aceitar.
O tempo, momento companhia,
desvaece sob a luz do dia.
Noite o breve vessar das palavras...
Desvelo de duas almas.
Âmago, essênio, epílogo.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Vazio

"Femme à l'ombrelle" Monet



...O pavor de envelhecer ?
Não.
Isso nunca tive.
Mas o pavor de não saber nada e o vazio persistir...

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sonhos

Giverny, Monet




...No silêncio de uma luz solar, na imensidão de um oceano, há um trabalho a começar agora. Todos os meus sonhos são levados para fora...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

" Cartas a um jovem poeta. "

Dans La Prairie Camille, Monet



" Pergunta se os seus versos são bons. Pergunta-o a mim, depois de o ter perguntado a outras pessoas. Manda-os a periódicos, compara-os com outras poesias e inquieta-se quando suas tentativas são recusadas por um ou outro redator. Pois bem — usando da licença que me deu de aconselhá-lo — peço-lhe que deixe tudo isso. O senhor está olhando para fora, e é justamente o que menos deveria fazer neste momento. Ninguém o pode aconselhar ou ajudar, — ninguém. Não há senão um caminho. Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite: "Sou mesmo forçado a escrever?” Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples "sou", então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão. Aproxime-se então da natureza. Depois procure, como se fosse o primeiro homem, dizer o que vê, vive, ama e perde. Não escreva poesias de amor. Evite de início as formas usais e demasiado comuns: são essas as mais difíceis, pois precisa-se de uma força grande e amadurecida para se produzir algo de pessoal num domínio em que sobram tradições boas, algumas brilhantes. Eis por que deve fugir dos motivos gerais para aqueles que a sua própria existência cotidiana lhe oferece; relate suas mágoas e seus desejos, seus pensamentos passageiros, sua fé em qualquer beleza — relate tudo isto com íntima e humilde sinceridade. Utilize, para se exprimir, as coisas do seu ambiente, as imagens dos seus sonhos e os objetos de sua lembrança. Se a própria existência cotidiana lhe parecer pobre, não a acuse. Acuse a si mesmo, diga consigo que não é bastante poeta para extrair as suas riquezas. Para o criador, com efeito, não há pobreza nem lugar mesquinho e indiferente. Mesmo que se encontrasse numa prisão, cujas paredes impedissem todos os ruídos do mundo de chegar aos seus ouvidos, não lhe ficaria sempre sua infância, esta esplêndida e régia riqueza, esse tesouro de recordações? Volte a atenção para ela. Procure soerguer as sensações submersas deste longínquo passado: sua personalidade há de reforçar-se, sua solidão há de alargar-se e transformar-se numa habitação entre o lusco e fusco diante do qual o ruído dos outros passa longe, sem nela penetrar. Se depois desta volta para dentro, deste ensimesmar-se, brotarem versos, não mais pensará em perguntar seja a quem for se são bons. Nem tão pouco tentará interessar as revistas por esses seus trabalhos, pois há de ver neles sua querida propriedade natural, um pedaço e uma voz de sua vida. Uma obra de arte é boa quando nasceu por necessidade. Neste caráter de origem está o seu critério, — o único existente." Rainer Maria Rilke.