quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Vislumbres

Campo de papoulas, Tânia Pagliato


Vislumbres

Em uma vasta extensão de terra, onde a vista não alcança
árvores frondozas resultando em densa vegetação.
Onde só se ouvem sons de pássaros e a brisa leve da janela que perpassa.
Que meus passos sintam a terra úmida e meu corpo compreenda esta sensação.

Que a casa seja simples, que o jardim seja livre.
Que o momento seja estável e a dor findável.
Que a chuva lave a alma, e a louça espaireça seu azinhavre.
Que a voz seja constante melodia, suave e amável.

Mas que tenha uma varanda... E nela cadeiras confortáveis
onde a gente nem sinta o corpo, este flutua...
um bom chá de jasmim e comestíveis.
Há de ter uma horta, semear a esperança futura...
Há de germinar meu pão e eu colher quimeras inesquecíveis.

Ler meus livros, escutar minhas músicas,
rabiscar em papiros, arriscar em metafísica
e de tarde contemplar o por do sol
demorar-se mesclando-me com o arrebol

A dor das coisas que não existem, mas que persistem...
O silêncio tão sentido, a vaga idéia de paz, metáforas...
Pedacinhos de letras ou palavras relembrando o anteontem.

Vislumbres...