quinta-feira, 8 de março de 2012

Fenecer

Alagamento em São Paulo, Fernando Antonio Naviskas




Em tempo a sonata já desfaz seus últimos acordes
De árida a terra se tornou alagada
Presumido os seixos ficaram recobertos sem alardes
Percorrer aqueles caminhos somente com jangada


Procurar pelos castanhos mesclados por verde
Somente borralhos e densos azuis
Dos olhos só avistavam o profundo celeste
Do corpo a inquietude adensando um suposto croqui


Na memória os mais pífios esboços não recolhidos
Investigar em canson seria tingir de agonias
Todos os remorsos, desesperos já distendidos
Deixa aquietar-se nas gavetas das alquimias


Vasculhar seria contrapor, destoar, discernir sentimentos.
Aquém de intraduzíveis cores dos infindáveis bueiros
Escoam as águas submersas da fala em fragmentos
Pedaços do papiro, depondo sintaxes, devolvendo abatimento.


Na substancia verteu, decantou-se.
E de terra que se precisava, escorreu.
O papiro convertido em gotas rasgou-se
E nos olhos cansados... Tanto mar. Feneceu...